sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Notícias sibre o fim do livro

Não faltam rumores sobre a possível morte da literatura impressa


Mundo Digital

O Estado de S. Paulo - 30/10/2009 - Milton Hatoum





Parece que a grande novidade da última Feira do Livro de Frankfurt não foi a literatura chinesa nem outra literatura do Oriente ou Ocidente, e sim o rumor sobre o fim do livro. Dizem que esse objeto de papel vive o seu lento crepúsculo. Ou será um crepúsculo brusco, como a claridade ou a escuridão no equador? Ninguém sabe se o livro eletrônico vai sepultar a era Gutemberg. Minha intuição é que a biblioteca de papel e a eletrônica vão conviver por muito tempo. É provável que no futuro - mas todo futuro é impreciso - o livro impresso tenha um destino semelhante ao das salas de cinema. A venda do livro eletrônico está sendo disputada por três ou quatro empresas. É uma briga de cachorros grandes, que ladram no Japão, nos Estados Unidos e em algum país da Europa. Enquanto disputam o mercado, dezenas de milhões de crianças africanas, latino-americanas e asiáticas nunca leram, nem mesmo folhearam um livro infantil. Em todo caso, as vozes do apocalipse são cíclicas: aparecem e somem com seus pesadelos espaçados, como se a humanidade necessitasse de notícias catastróficas para decretar o seu próprio fim ou extermínio.