terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Futuro do Mercado Editorial

Kindle: ler ficou mais fascinante
LIVROS DIGITAIS (2/11/2009)


03 de Novembro de 2009

Ícone de uma nova era para o mercado editorial, o Kindle põe os lançamentos literários a um clique das mãos do usuário

Desde o último dia 19, os brasileiros já podem fazer parte da próxima revolução que a tecnologia reserva, desta vez tendo como alvo o mercado editorial, a exemplo do que já acontece com a música e o cinema. O ícone desta revolução, o Kindle - aparelho de leitura de livros em formato digital - e mais de 300 mil obras para esta plataforma estão agora disponíveis para o consumidor brasileiro.

Lançado pela Amazon em 2007 e até o mês passado restrito ao mercado norte-americano, o Kindle é o equivalente para o mercado editorial ao que representou o iPod para o mercado musical. O Tecnoguia testou o Kindle 2, a segunda geração do aparelho, com tela de 6 polegadas e acesso à internet via banda larga 3G. Este acesso, sob a responsabilidade da operadora americana AT&T, tem cobertura em Fortaleza.

Deixando de lado o acalorado debate sobre o futuro dos livros em papel, o que se destaca ao experimentar essa novidade é a praticidade. O aparelho, fino e leve, pode armazenar cerca de 1.500 livros em sua memória interna de 2 GB. Ele permite ao usuário conectar-se gratuitamente à loja virtual para adquirir os últimos lançamentos, que em questão de segundos estarão na sua tela. Para desfrutar dessa comodidade, o usuário deve ter seu aparelho e um cartão de crédito internacional cadastrados na loja da Amazon.

A princípio, o que se pensava era que os usuários internacionais (aqueles que, como os brasileiros, estão agora adquirindo o aparelho fora dos EUA) teriam de pagar uma taxa pelo download dos livros. Mas, ao navegar pelas ofertas na loja online através da conexão 3G gratuita do próprio aparelho, o usuário encontra entre os detalhes dos itens disponíveis a informação de que o preço já inclui o download sem fio. Esta é mais uma praticidade que agrada o usuário do Kindle.

Tentação online

Com tanta facilidade e milhares de títulos à disposição, é recomendável controlar o impulso consumista, pois, com um simples clique, a compra pode ser realizada. A dica é, antes de adquirir um livro, revista ou jornal, aproveitar o recurso de experimentação oferecido pela loja. Com ele, é possível baixar gratuitamente trechos da obra, no caso dos livros, ou optar pela degustação pelo período de 14 dias no caso da assinatura de jornais e revistas.

Os preços da maioria dos livros digitais são mais baratos do que os de suas versões impressas. Na Amazon, a única que comercializa o formato digital para fora dos EUA, das cerca de 300 mil obras, aproximadamente 100 mil custam até US$ 6. Os demais custam, em média, US$ 12. Apesar da gratuidade para o acesso sem fio à loja online e para o download dos livros comprados, o Kindle apresenta algumas restrições para usuários fora dos EUA. Uma delas é a utilização do navegador que vem instalado no dispositivo para acesso a sites em geral. O recurso, que se encontra em fase experimental, só está disponível aos proprietários do aparelho nos Estados Unidos, Hong Kong, Japão e México. A mesma restrição geográfica também se dá no recurso de acesso a blogs através do aparelho.

Falando em desvantagens, outro detalhe é o preço. O aparelho só é vendido diretamente pela Amazon, por US$ 259. Como estamos no Brasil, o imposto de importação e ICMS, pagos de forma adiantada no momento da compra, somam US$ 285,34 - isto é, essas taxas custam mais que o próprio aparelho -, mais US$ 20,98 de frete. Em resumo, o aparelho utilizado neste teste custou pouco mais de R$ 1 mil. Ele chegou a Fortaleza quatro dias após o pedido no site Amazon.com. Ponto positivo para a agilidade da entrega.

O aparelho da Amazon já tem rivais no mercado, vendidos a preços semelhantes, como o Nook, da Barnes & Noble, e o PRS-505, da Sony. Mas, ao contrário do Kindle, eles não estão à venda no Brasil nem oferecem a opção de compra de livros digitais aos usuários brasileiros.

OBRAS EM PORTUGUÊS
Títulos nacionais ainda são poucos

Por enquanto, a maior parte do acervo de obras literárias disponíveis para os usuários do Kindle é de língua inglesa. Mas isso deve ser minimizado nos próximos meses com a gradual adesão das editoras brasileiras. Aos poucos, as opções em português vão aparecendo, como as obras "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, disponíveis na Amazon por US$ 3 cada.

A atual escassez de livros digitais em português não significa que o usuário ficará privado de ler obras no Kindle em seu idioma. Ele pode injetar no aparelho seu próprios documentos e obras em português. A Amazon oferece o serviço de conversão de textos em formato DOC ou PDF para o padrão de arquivo do Kindle, o AZW. Basta o usuário enviar o arquivo em anexo por e-mail e a empresa lhe devolve o arquivo convertido. O serviço é gratuito se a opção de recebimento do arquivo for por e-mail (para depois copiá-lo do PC para o Kindle via cabo USB).

O Tecnoguia testou o serviço, enviando para um e-mail do tipo "seunome@free.kindle.com" um livro em PDF. Cerca de cinco minutos depois veio a resposta, já com o arquivo convertido para o formato AZW.

A conversão perfeita de arquivos não é garantida pela Amazon. Mas, neste caso, o arquivo voltou melhor do que foi. É que, no original em PDF, o índice não tinha links para acesso direto a cada capítulo do livro de mais de 500 páginas. Mas, após a conversão através do serviço da Amazon, o arquivo apareceu na tela do Kindle com os links prontos e sem problemas de acentuação do português. Outra grata surpresa foi a redução do tamanho do arquivo, que passou de 5 MB para pouco mais de 2 MB. Assim, sobra mais espaço para continuar ampliando a biblioteca virtual em português.

Fique por dentro conteúdo
Leitura confortável

A TECNOLOGIA que o Kindle utiliza imprime eletronicamente o texto na tela, possibilitando
sua visualização sem gerar luminosidade. O benefício disso é que a leitura se torna menos cansativa e agradável aos olhos, como se fosse uma impressão em papel. Outra vantagem desta tecnologia, chamada de "e-ink" (tinta eletrônica), é que a carga da bateria dura muito mais tempo do que as de celulares, aparelhos de MP3 e notebooks. Essa tecnologia, no entanto, ainda não evoluiu para telas coloridas.

EBENEZER FONTENELE
EDITOR

Fonte: Diário do Nordeste (03/11/09)

Nenhum comentário:

Postar um comentário